sexta-feira, 8 de junho de 2012

RITUAL NA UMBANDA 2

A FORÇA REAL DA PALMAS E DOS TAMBORES E O QUE ELES PODEM PROVOCAR: 


Agora, para elucidar tanto quanto possível esse assunto ritual, vamos dizer coisas sobre a "força real" das palmas e dos tambores e o que podem provocar, a fim de elucidar um pouco os que os usam, pois a maioria o faz pela "força ou hábito" de uma tradição africana.
Começarei afirmando que o bater das palmas provoca, invariavelmente, grande excitação anímica, pelo despertar de certos ângulos sombrios do atavismo e mesmo dos instintos....
Por que? Devo lembrar que as mãos são os instrumentos por onde se processam os passes, as curas, etc. Pelas mãos, especialmente, é que se recebe e se dá, quer da corrente de energia cósmica, quer dos fluídos magnéticos das Entidades espirituais.
As mãos são condutoras e está provado, cientificamente, que, nelas se concentram mais de 280.000 terminações protoplasmáticas ( na palma da mão) em forma de sutis correntes nêuricas e que fazem gravar nelas todas as alterações orgânicas e estados psíquicos visto a mente influir decisivamente no estado fisiológico de um indivíduo.
Sabe-se mais que uma pessoa tem em cada mão 7 pontos vitais de concentração protoplasmática ou nêurica a que dão o nome de Montes planetários, na astrologia esotérica em relação com a Quiromancia e a Quirologia médica.
Esses montes ficam na base de cada dedo e outros em determinadas zonas da palma da mão.
Ora, pelas mais simples das relações e sem querer aprofundar muito o assunto, se esses montes são condensadores de energia e se, ao bater as palmas, uma criatura choca violentamente um mão contra a outra, isto é, esses 7 montes de cada uma, o que pode acontecer? Um choque de energia ou de fluídos ou corrente nêurica, que se comprimem, se excitam, excitando toda corrente do sistema neurossensitivo do indivíduo, pela circulação, etc. E em consequência disso os pensamentos, todo o psiquismo da criatura também se altera, dado o impacto provocado nos seus neurônios sensitivos.
Então, a excitação impera, já atingindo todo o sistema neuromuscular e assim, lá vem forte, pulando de dentro pra fora, certa classe de impressões atávicas, fetichistas, guerreiras, e até certos impulsos ou sensações instintivas, etc.
Dentro dessas condições que se vêem as criaturas ditas "médiuns" pularem, gritarem, se contorcerem com o "santo" e tomarem outras atitudes ou gestos esquisitos, feios, de olhos arregalados ou esbugalhados, etc.
Isso tudo comumente se processa ao som dos tambores, ainda para excitar mais...E os tambores, que são e para que servem?
Os tambores, foram, num passado distante, instrumentos mágicos, porém, atualmente, são nada mais nada menos do barulhentas expressões para fins de batucada, samba e, por que não dizê-lo?, servem também para alegrar os terreiros, em seus festejos, suas "chamadas de santo" , de Orixá, etc.
Num passado distante, os tambores eram instrumentos mágicos, e o segredo do preparo do tambor ritualístico era usado e fazia desse instrumento algo muito diferente do que existe hoje por ai...
Esse segredo era transmitido pela tradição oral, de "Babalaô a Babalaô ou de sacerdote a sacerdote", tal era a importância dada ao seu preparo mágico....
Diferente como são feitos os tambores que hoje são feitos hoje por aí. Feitos as dúzias, comercialmente, e tanto servem para os "terreiros", como para as "batucadas do cara-suja (carnaval)". Geralmente são feitos de couro de cabrito e de madeira comum.
O preparo mágico era fator importante para a preparação deste instrumento e se processava da seguinte maneira.
Nos primitivos Cultos Afros os segredos mágicos eram conservados e transmitidos, pela tradição oral, com muito cuidado, inclusive aquele que ensinava a preparar  esses tambores.
Assim é que escolhiam um cabrito todo de pelo branco, sem ter ainda cruzado, e três dias antes de uma determinada fase da lunar ( na fase única e apropriada) davam-lhe uma lavagem intestinal ao mesmo tempo em que passavam a alimentá-lo com certas folhas ou ervas apropriadas.
Quando essa fase lunar entrava, ele era sacrificado ou abatido e o couro passava a ser curtido ou preparado em banhos de ervas e raízes apropriadas e relacionadas com o Orixá ou com a força da Natureza que eles queriam que influíssem no  couro.
Tudo isso se processava dentro de certos cuidados e evocações especiais ( espécie de encantamento mágico, de palavras e cânticos).
Daí se esperava a nova fase da lua para esticar ou colocar o couro sobre o tambor de madeira propriamente dito.
O tambor, preparado dentro desse "mistério" ou dessa forma especial, emitia os ruídos ou vibrações de som, bastante diferentes desses dos tambores comuns. E ainda observavam o seguinte -- os primeiros sons e vibrações desse tambor eram aferidos ou dados, em certa hora, de certo dia, dessa fase lunar. Dava-se um encantamento, uma operação mágica, porque os primeiros sons eram tirados de acordo com um cântico especialíssimo ( espécie de mantra ) de imantação de forças. A pessoa ou o ogã que faziam isso conhecia o segredo completo desse preparo, dos cânticos e também uma espécie de escala de batidas ou toques, com os quais produziam sons especiais, para o Orixá a quem esse objeto ou tambor havia sido votado. Depois disso é que tocavam para outros Orixás.
Não se batia tambor como se bate hoje em dia, nos terreiros... onde se quer é barulho, alegria, excitação, etc.. A coisa era diferente.
Pode-se afirmar com toda certeza, que os ruídos desses tambores comuns, conforme são batidos hoje, são altamente prejudiciais aos que realmente são médiuns...acabam atrofiando seus plexos nervosos ( por onde a mediunidade forma os contatos orgânicos, físicos, etc..) que vão gradualmente (nesses médiuns) perdendo os positivos fluídos de contato com as Entidades, etc. E para os que não tem mediunidade, gera a excitação anímica, essa que produz esse curioso fenômeno de "receber o santo"....além de atrair, pela lei dos semelhantes, espíritos da classe dos quimbas, etc., que passam a atuar nos médiuns e os que se dizem ou querem ser. Isso, bem compreendido, da forma que são usados e tocados.  
Por isso irmão, se você anda em algum lugar que incentiva essa prática, inclusive dizendo que essa é uma forma de ativar certos pontos para sua mediunidade, cuidado.... 




Lições de Umbanda e Quimbanda na Palavra de um Preto-Velho 
6ª edição revista e ampliada ( W W da Matta e Silva)