sábado, 30 de junho de 2012

O MOVIMENTO UMBANDSITA


A umbanda é um poderoso movimento religioso, uma autêntica religião.
Como Religião, ela se firmou logo pela mística, pela incrementação do sentimento de religiosidade latente nos seres.

O trabalho das entidades dentro deste movimento consiste em fazer com que todos os seres possam compreender, progressivamente, as Leis do Pai Eterno que chamam também de Criador, reafirmando que todos precisam se pôr em relação com Ele...

Essas grandiosas entidades há muito tempo vem trabalhando de forma árdua, dentro dos rituais afins que cada coletividade se encontra arraigada em virtude da sua variação sempre que podendo com essa situação, tentam influir diretamente para conscientizar os filhos de fé modificando-os para melhor... o que dá muito trabalho.

Tudo isso, repito, com o objetivo de conduzir os filhos de fé a DEUS UNO, através de Jesus, o nosso Pai Oxalá, como as supremas expressões visadas através de todo este cortejo de Orixás, Santos, Guias, Protetores ou Caboclos, Pretos-Velhos, etc..

Não podemos negar a existência deste aspecto puramente religioso. No entanto a par deste, existe o lado interno ou oculto do movimento, que faz revelar seus aspectos filosóficos, mágicos, teúrgico, astrológico, terapêutico, fenomênico que muitas das vezes são deixados a par por falta de conhecimento de alguns que praticam a Umbanda ou simplesmente por que aqueles que se arvoram senhores não quererem dividir, compartilhar, puramente por vaidade ou simplesmente para deixar as pessoas sempre dependentes de seus conhecimentos.

Não devemos nos esquecer que as Entidades da Umbanda, além de todo o exposto, dão como “pão de cada dia”, a mesma doutrina, os mesmos princípios morais que norteiam os Evangelhos do Cristo, bebidos nas primitivas fontes, onde foram os primeiros a dessedentarem-se.
A moral, ou os princípios morais- espirituais que realmente traduzem a PALAVRA DO CRISTO, porque foram estabelecidos e ensinados por Ele mesmo, desde que se iniciou o 5º Ciclo Cármico nas primitivas fontes iniciáticas, religiosas e sacerdotais.
Nas academias ou ditos como “Colégios de Deus”, em suma os procedimentos que praticamente caíram no esquecimento pelos véus da História ou mesmo da chamada tradição iniciática.
Os preceitos fundamentais do Cristo Jesus, que são as Leis Eternas do Deus Pai, já tinham sido implantados e podem ser identificados até hoje em sua essência ou natureza, nos ensinamentos contidos nas obras sagradas de vários povos ou raças,  milhares e milhares de anos antes que surgissem os Evangelhos e mesmo a Bíblia.
A doutrina de Jesus, tão antiga quanto as Verdades Eternas, jamais foi monopólio de uma religião ou de uma raça.

Ela sempre foi revelada, em todos os tempos, de todos os modos, pois é infantil conceber-se que somente há 2.000 anos, essa doutrina tivesse surgido, como meigo Jesus, que teve o cuidado de afirmar, “não vir ab-rogar a Lei, e sim, confirmá-la”....E ainda disse mais: - “a minha doutrina não é minha”, mais daquele que me enviou” ( João VII, 16).

É inegável a moral crística e incontestável as suas palavras, se todos abrigassem em seus corações o “amai-vos uns aos outros tanto quanto vos amei”.... Nisto está contida a suprema moral e o verdadeiro caminho.
Como lutam nossas entidades para nos ensinar essas simples, porém singelas palavras. A sublime humildade do sermão da Montanha com suas Bem- Aventuranças. A tolerância quando dizem: “Não façais a outrem aquilo que não quereis que vos façam”. Perdoai 70 vezes 7, Fora da caridade não há salvação.

Isso é a essência fundamental de tudo. É o bastante. Encerra o todo. Quanto ao mais são variações. São esses os preceitos morais-espirituais, que os Guias e Protetores- esses mesmos Caboclos e pretos velhos, vem ensinando, nas adaptações simples e diretas, criando imagens e exemplos que possam ser impressos vivamente na mentalidade dos que ainda custam a absorver até o sentido simples da letra, quanto mais o sentido oculto ou profundo.
O que quero dizer com isto? ...Se observarmos fria e serenamente, temos visto que em muitos lugares isto não tem acontecido. Aquilo que se diz, não é aquilo que se pratica na sua real concepção.
O amor como base de tudo, tem ficado somente nas palavras, os julgamentos, as acusações, as divisões cada vez maiores dentro de locais onde em letras GARRAFAIS  está escrito casa de caridade. Aonde? Quando? De que forma? Pessoas que se dizem irmãos, se degladiando em nome da sua Umbanda, sim sua, porque nossos queridos e amados caboclos e pretos velhos, com certeza não estão tomando o menor conhecimento disto.
Que adianta todo conhecimento adquirido, se este não é colocado na sua forma mais simples e humilde possível.
Que adianta títulos, nomes iniciáticos, túnicas azuis, mestre disto e daquilo, se no Terreiro dizem uma coisa, mais em suas vidas, seus exemplos são contrários ao que falam.

Mestre de verdade para mim são as entidades, Jesus com sua Suprema bondade, nunca se colocou nesta condição. Muito pelo contrário, sempre dizia que aquele que quiser ser o maior será considerado o menor e vice versa. Bem aventurados os humildes, pois estes herdarão o reino dos céus, a terra e tudo quanto nela há.
Não esqueçamos que o Triângulo de nossa amada Umbanda é representado pelos Nossos Caboclos, Pai Velhos e Crianças e estes deixam sempre claro que a Humildade, A Simplicidade e A Pureza são o norte para tudo.

Não estou falando isto como forma de julgamento, mais como um desabafo, pois sempre que olhamos algo, olhamos sempre com a intenção de criticar, achar falhas, repudiar, debochar, etc. 
Deixemos de lado isto tudo, não esqueçam, a natureza não dá saltos e que cada um faz aquilo que está de acordo com seu grau de entendimento e compreensão das coisas espirituais. Melhor do que criticar ou debochar é ensinar, corrigir.

Pare, pense, reflita. Nosso Meigo Oxalá nunca nos condenou, muito pelo contrário, diz vai e não peques mais.
Deixem de lado suas espadas, como se fossem senhores da Lei. Usem a palavra para ajuntar, para agrupar, unir. Usem suas capacidades intelectuais para esclarecer e dar luz aqueles que buscam esta luz. 
Não sejam como os doutores de Lei, cheios de conhecimento, mais com todos eles guardados a sete chaves, não colocando uma vírgula sequer em prática. Como os sepulcros caiados, belos por fora, mais por dentro....
Por fim sejamos apenas verdadeiramente UMBANDISTAS. Não de aparências, com belas palavras, mais na prática.

QUE AS SANTAS ALMAS NOS AJUDEM HOJE E SEMPRE.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

RITUAL NA UMBANDA 2

A FORÇA REAL DA PALMAS E DOS TAMBORES E O QUE ELES PODEM PROVOCAR: 


Agora, para elucidar tanto quanto possível esse assunto ritual, vamos dizer coisas sobre a "força real" das palmas e dos tambores e o que podem provocar, a fim de elucidar um pouco os que os usam, pois a maioria o faz pela "força ou hábito" de uma tradição africana.
Começarei afirmando que o bater das palmas provoca, invariavelmente, grande excitação anímica, pelo despertar de certos ângulos sombrios do atavismo e mesmo dos instintos....
Por que? Devo lembrar que as mãos são os instrumentos por onde se processam os passes, as curas, etc. Pelas mãos, especialmente, é que se recebe e se dá, quer da corrente de energia cósmica, quer dos fluídos magnéticos das Entidades espirituais.
As mãos são condutoras e está provado, cientificamente, que, nelas se concentram mais de 280.000 terminações protoplasmáticas ( na palma da mão) em forma de sutis correntes nêuricas e que fazem gravar nelas todas as alterações orgânicas e estados psíquicos visto a mente influir decisivamente no estado fisiológico de um indivíduo.
Sabe-se mais que uma pessoa tem em cada mão 7 pontos vitais de concentração protoplasmática ou nêurica a que dão o nome de Montes planetários, na astrologia esotérica em relação com a Quiromancia e a Quirologia médica.
Esses montes ficam na base de cada dedo e outros em determinadas zonas da palma da mão.
Ora, pelas mais simples das relações e sem querer aprofundar muito o assunto, se esses montes são condensadores de energia e se, ao bater as palmas, uma criatura choca violentamente um mão contra a outra, isto é, esses 7 montes de cada uma, o que pode acontecer? Um choque de energia ou de fluídos ou corrente nêurica, que se comprimem, se excitam, excitando toda corrente do sistema neurossensitivo do indivíduo, pela circulação, etc. E em consequência disso os pensamentos, todo o psiquismo da criatura também se altera, dado o impacto provocado nos seus neurônios sensitivos.
Então, a excitação impera, já atingindo todo o sistema neuromuscular e assim, lá vem forte, pulando de dentro pra fora, certa classe de impressões atávicas, fetichistas, guerreiras, e até certos impulsos ou sensações instintivas, etc.
Dentro dessas condições que se vêem as criaturas ditas "médiuns" pularem, gritarem, se contorcerem com o "santo" e tomarem outras atitudes ou gestos esquisitos, feios, de olhos arregalados ou esbugalhados, etc.
Isso tudo comumente se processa ao som dos tambores, ainda para excitar mais...E os tambores, que são e para que servem?
Os tambores, foram, num passado distante, instrumentos mágicos, porém, atualmente, são nada mais nada menos do barulhentas expressões para fins de batucada, samba e, por que não dizê-lo?, servem também para alegrar os terreiros, em seus festejos, suas "chamadas de santo" , de Orixá, etc.
Num passado distante, os tambores eram instrumentos mágicos, e o segredo do preparo do tambor ritualístico era usado e fazia desse instrumento algo muito diferente do que existe hoje por ai...
Esse segredo era transmitido pela tradição oral, de "Babalaô a Babalaô ou de sacerdote a sacerdote", tal era a importância dada ao seu preparo mágico....
Diferente como são feitos os tambores que hoje são feitos hoje por aí. Feitos as dúzias, comercialmente, e tanto servem para os "terreiros", como para as "batucadas do cara-suja (carnaval)". Geralmente são feitos de couro de cabrito e de madeira comum.
O preparo mágico era fator importante para a preparação deste instrumento e se processava da seguinte maneira.
Nos primitivos Cultos Afros os segredos mágicos eram conservados e transmitidos, pela tradição oral, com muito cuidado, inclusive aquele que ensinava a preparar  esses tambores.
Assim é que escolhiam um cabrito todo de pelo branco, sem ter ainda cruzado, e três dias antes de uma determinada fase da lunar ( na fase única e apropriada) davam-lhe uma lavagem intestinal ao mesmo tempo em que passavam a alimentá-lo com certas folhas ou ervas apropriadas.
Quando essa fase lunar entrava, ele era sacrificado ou abatido e o couro passava a ser curtido ou preparado em banhos de ervas e raízes apropriadas e relacionadas com o Orixá ou com a força da Natureza que eles queriam que influíssem no  couro.
Tudo isso se processava dentro de certos cuidados e evocações especiais ( espécie de encantamento mágico, de palavras e cânticos).
Daí se esperava a nova fase da lua para esticar ou colocar o couro sobre o tambor de madeira propriamente dito.
O tambor, preparado dentro desse "mistério" ou dessa forma especial, emitia os ruídos ou vibrações de som, bastante diferentes desses dos tambores comuns. E ainda observavam o seguinte -- os primeiros sons e vibrações desse tambor eram aferidos ou dados, em certa hora, de certo dia, dessa fase lunar. Dava-se um encantamento, uma operação mágica, porque os primeiros sons eram tirados de acordo com um cântico especialíssimo ( espécie de mantra ) de imantação de forças. A pessoa ou o ogã que faziam isso conhecia o segredo completo desse preparo, dos cânticos e também uma espécie de escala de batidas ou toques, com os quais produziam sons especiais, para o Orixá a quem esse objeto ou tambor havia sido votado. Depois disso é que tocavam para outros Orixás.
Não se batia tambor como se bate hoje em dia, nos terreiros... onde se quer é barulho, alegria, excitação, etc.. A coisa era diferente.
Pode-se afirmar com toda certeza, que os ruídos desses tambores comuns, conforme são batidos hoje, são altamente prejudiciais aos que realmente são médiuns...acabam atrofiando seus plexos nervosos ( por onde a mediunidade forma os contatos orgânicos, físicos, etc..) que vão gradualmente (nesses médiuns) perdendo os positivos fluídos de contato com as Entidades, etc. E para os que não tem mediunidade, gera a excitação anímica, essa que produz esse curioso fenômeno de "receber o santo"....além de atrair, pela lei dos semelhantes, espíritos da classe dos quimbas, etc., que passam a atuar nos médiuns e os que se dizem ou querem ser. Isso, bem compreendido, da forma que são usados e tocados.  
Por isso irmão, se você anda em algum lugar que incentiva essa prática, inclusive dizendo que essa é uma forma de ativar certos pontos para sua mediunidade, cuidado.... 




Lições de Umbanda e Quimbanda na Palavra de um Preto-Velho 
6ª edição revista e ampliada ( W W da Matta e Silva)