sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Os Magos Payés ( ou Pajés )


Os Magos Payés ( ou Pajés )
Por Maurício Omena (Yracuera)


A cerimônia de imantação dos maracás ou mbaracás, segundo Hans Staden ( que viveu muitos anos prisioneiro dos índios Tupinambás), envolvia um ato ritualístico que dava a esse instrumento ( que possuía em seu interior os itapossangas ) um som próprio que levava as sacerdotisas Ikanyabas a perder os sentidos e, em transe, profetizarem.
Os nativos do território brasileiro não eram exemplares de uma raça primitiva no início de sua evolução e, sim, os remanescentes de uma raça antiquíssima em plena decadência.
Os Mistérios Solares ( Guaracy ), os Mistérios Sagrados ( Tuyabaé-Cuaá ), em suma, tinham a noção perfeita de um Deus Único (TUPÃ), como da imortalidade da alma ( Na, Ang ou Angá ).
Os tupinambás, conforme a narração de Hans Staden, traduzida por Tristão Araripe e inserta na revista do Instituto Histórico e Arqueológico do Rio de Janeiro, possuíam conhecimentos esotéricos.
Tinham notícias muito precisas do Plano Astral e eram mestres no uso de mantras, com o uso da repetição monotônica de certos sons ( vogais, sílabas ou palavras acompanhadas de pancadas e movimentos rítmicos ) – Hans Staden chama cantos e momices, que iam crescendo até o máximo de celebridade possível ou diminuem até o máximo da lentidão, caíam em transe, entrando a predizer ( sem falhas ) os fatos futuros. Essas cerimônias ( segundo Hans Staden ) eram realizadas em guerras, viagens, por ocasião de epidemias, etc.
A interpretação dos sonhos era outro método de que se utilizavam os Payés para desvendar os segredos do porvir. Os Payés eram os magos mais elevados das tribos, tendo logo inferiores a eles os Karaybas, que eram tidos mais como feiticeiros, sendo um mago de menor categoria. Os Payés praticavam o hipnotismo, o magnetismo, a sugestão e a magia se utilizando do Caá-Yari no cultivo e colheita das ervas para a cura dos enfermos.
Na cerimônia de imantação dos maracás, os Payés recitavam, a meia voz, uma série de orações, diz Hans Staden. Falavam aos maracás e estes respondiam, estabelecendo-se um verdadeiro diálogo.
Toda a sabedoria dos Payés, segundo se afirmava, foi transmitida pelo primeiro deles, que se chamava Suman, que deixou entre eles a sabedoria dos Magos, o Tuyabaé-Cuaá, que entre outras coisas previa a vinda do messias Yurupary e o seu martírio, assim como, dava aos Payés a responsabilidade da manutenção das leis até a vinda do mesmo ( o que realmente houve, ainda no período pré-cabraliano ).
Isso deve fazer você, umbandista, pensar e chegar a algumas conclusões sobre esse antigo povo e seus Magos Payés.
Jornal Orixá 467

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